Os 6 Perigos da Formação Gratuita
Entre muitas outras coisas, a COVID-19 trouxe consigo uma profusão de eventos formativos gratuitos.
O consequente confinamento em nossas casas criou em nós a falsa ilusão de dispormos de mais tempo, de dominarmos e controlarmos as múltiplas ferramentas de videoconferência à nossa disposição, e de todo o conhecimento estar à distância de um clique. Não é bem assim…
Sinceramente, enquanto responsável de uma entidade formadora, até tenho alguma dificuldade em designar de “formação” a maioria dos eventos gratuitos que por aí proliferam…
Assim, esta semana, deixo-te algumas “chamadas de atenção” a teres em conta na hora de carregares no botão de inscrição.
Então, cá vão eles, os 6 Perigos da Formação Gratuita:
- Esforço cognitivo acrescido. Nesta altura, já deves ter percebido que a concentração e a autodisciplina exigidas para fazeres formação online (seja em plataformas de videoconferência, seja em plataformas assíncronas) são muito maiores. Assim, tudo o que ultrapassar as 2 horas (e já estou a “esticar a corda”…) será muito pouco produtivo…
- Por exigir um esforço de concentração acrescido, há que ter em conta que o intervalo de hiperfoco é menor: basta haver um fator de distração e o comboio já descarrilou… Além disso, o facto de a maioria das videoconferências permitir a gravação e o posterior visionamento, dá-nos um argumento adicional para “desligarmos” e, quando damos conta, há uma dupla perda de tempo…
- Avaliar o retorno da formação. Eu sei… Estás a pensar “aprende-se sempre alguma coisa” e eu até concordo contigo, mas… A formação ser gratuita e ter um nome “interessante” não são critérios suficientes para te inscreveres. Já tratei o assunto num dos nossos podcasts; basta responderes à pergunta: “tendo em conta os meus objetivos de carreira, quais as competências que preciso adquirir, atualizar ou reforçar?” A formação na qual estás prestes a inscrever-te dá resposta a essas lacunas? Se sim, pode ser, de facto, uma boa oportunidade. Caso contrário, não percas o teu tempo…
- Entidade formadora. Investiga a entidade que promove a formação. Consulta o seu site e as suas redes sociais. É uma entidade formadora certificada ou, pelo menos, credível? Qual a sua experiência na formação e, especificamente, na área que está a publicitar? A formação é o CAE da empresa? É que há por aí muitas autoproclamadas entidades formadoras…
Só mais dois…
- Formador. Sim, investiga também o Formador. Consulta o seu perfil de LinkedIn e o seu canal de YouTube, se o tiver. O formador é, de facto, especialista na área da formação anunciada (ou é uma “paixão recente”…)? Fez formação especializada na área? Trabalha na área há algum tempo? Atenção ao “formador-vedeta”: é certo que é importante ter um bom branding, uma boa presença e ser um excelente comunicador (hoje em dia, qualquer um pode publicar um livro…), mas, tratando-se de formação, o conteúdo é mais importante que a forma.
- Duração. Finalmente, o que pensas aprender numa formação que tenha menos de 30 horas, além de uma série de superficialidades? Bom, mas, neste capítulo, estou mais descansada: ninguém oferece 30 horas de formação de qualidade, certo?
Conclusões?
Eu sei: os estímulos e as tentações são muitos, mas atenção à ilusão de, pelo facto de estarmos a fazer uma formação só porque sim, estarmos de facto a aprender algo de válido e a sermos produtivos. Fala a voz da experiência…
Já agora, falando de formação com sentido, já conheces os nossos webinars “Hesitações em Português”? A próxima edição é já no dia 27!